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terça-feira, 7 de junho de 2011

Sou sete...

A minha mente é a terra dos “quem”
Agora, claro!
E eu não gosto disso
Essa inconstância de ser
Ora menina, ora mulher
Tem que rezar, mesmo!
São um tormento meus quens...
Cruéis, diabólicas
Frágeis, piegas
O meu corpo é a prova
Vivo
De sintomas
Eles apontam
Quem?
Quantas? Horas?
Sete mentes.
Outras também... 
Insana, cheia, vazia
Sem ar, com risos, debochada...
Torcido, paralisado
O corpo
Morto em ação
Who?
A Menina de botas vermelhas
Sete léguas pequeninas
A Mulher de vestido vermelho
Sete Palmos do chão!
Um corpo inchado
Um tiro na cabeça
Explosão
Acúmulo de energia
Curto circuito
Pronto, apagou tudo
Morreu...
Who?
Hein?
O carrapato atropelado
Dó de vaca, égua, cadela
Encarnei!
Não...
Acorda... É só um pesadelo!
Malu Calado









Episódio:
Eu era uma menininha muito feliz. Passei a infância entre meninos, em fazendas. Éramos muitos primos, uns bem mais velhos e outros bem mais novos. Eu ficava, na idade, no meio de meninos. Meus irmãos são homens, então brincávamos juntos. O poema Fantasia: O homem e o animal explica bem as brincadeiras cruéis dos meninos... E eu no meio! Eu usava uma botinha sete léguas vermelhinhas e ia para o curral esperar o vaqueiro para celar um cavalo para mim (sempre montei bem). Na espera do cavalo eu matava carrapatos, explodia carrapatos enormes no chão com as minhas botinhas vermelhas! Eu queria ser um menino, mas não podia...
Já bebi um frasquinho de veneno de carrapato uma vez... (Já faz tempo. Coisa de menina cruel para atormentar pai e mãe) queria matar a mulher, meu pai e minha mãe imaginários, que não deixaram a menininha ser um menino. Há poucos dias sonhei que um tanque do exército me esmagava, e que o soldado carrasco dizia, me puxando pelo braço:- Agora é a melhor parte. Colocamos um homem aqui em baixo!
Eu pensava:- Mas eu não sou um homem, sou uma mulher!
E senti me explodir ...
Eu fazia o mesmo com os carrapatos enormes que eu catava das vacas e cavalos. Eu odiava carrapatos, pois era amante dos animais, e os explodia com as minhas botinhas vermelhas sete léguas. Mas cresci e me tornei uma mulher... A menininha cruel? Vou exorciza- la!

E é assim... O meu eu infantil é cruel com a mulher que eu sou... Mas eu carrego comigo um sonho, um amigo. Às vezes a menininha é cruel com ele também, mas a mulher o admira muito e ainda vive por conta do nó que ele dá na cabeça da menininha, ele dribla essa pestinha!

Malu

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu...Rio

Eu... Rio

Carrego nas mãos um rio de pensar
Minha boca, fonte
um tanto calada
faz barulho na letra
A palavra ainda está molhada.

O que vejo no espelho do rio
por vezes não reconheço: 
ora pedra, outrora peixe...
Onde por vezes mergulho água em mim
a ver se decifro
e componho minha própria música.

Sara Fernandez