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sábado, 26 de novembro de 2011

SOME KIND OF MONSTER- DOCUMENTÁRIO METALLICA




SOME KIND OF MONSTER?... Documentário sobre o Metallica feito após a saida de Jason como baixista. O grupo buscou a ajuda de um psicoterapeuta para ajuda - los nas questões que estavam separando de várias maneiras os componentes do Metallica: Lars, James e Kirk.

O documentário é muito bom, as intervensões do psicoterapeuta eu não sei, acho que ajudaram bastante, porém, mais que isso foi o fato de cada um dos componentes buscar melhorar o que estava ruim para e com cada um, ouvindo diariamente uns aos outros. O que vi foram pessoas preocupadas com a família, como James, com o trabalho, Lars, e paz, Kirk.

As pessoas no mundo tendem ao julgamento de componentes das bandas de Hevy Metal. Poderiam conhecer melhor antes de falar. Não gosto muito de Hevy Metal, gosto do Metallica; gosto do rock do Pearl Jam... Penso que a agressividade do som da guitarra é confundida por muitos como algo demoníaco, e aí todo mundo resolve usar a música do Metallica com vídeos cheios de demônios, etc ... Hilário e triste, pois o demônio e o anjo dividem o ser humano e o mundo. O dark side e o light side de cada um de nós.
Através da música- que pode ser instrumento para falar sobre o afeto da dor, tristeza, amor, depressão, alegria- alguns conseguem superar os percalços da vida, externar o afeto contido, fortalecer o caráter e seguir em frente, como fez o Metallica, que tem 30 anos nas paradas. É somente um exemplo de superação.

A vida nos ensina a pensar, refletir, mudar, elaborar... Mas tem gente que emperra! Including me... some times. Sobrevive- se ao caos. Inteligência, prudência e integridade, luta diária, alguns momentos felizes, outros de paz... LUTA. E aí é que penso:- É perda de tempo não cuidar da sua subjetividade. Muito suor, dor, trabalho, sinceridade, amizade, lealdade, ajuda... Mãos amigas podem construir coisas incríveis!Temos um light e um dark side. O documentário mostra pessoas lutando contra todo o tipo de "mal" no mundo: Depressão, Mídia usurpadora de caráter, etc- e a favor da família, paz e amizade.

 No documentário James Hetfield fala não saber a diferença entre depressão e tristeza. Ele ficou um ano em rehab por conta de vários motivos, um deles a DEPRESSÃO, que não deixa de ser SOME KIND OF MONSTER, e que as pessoas, sentindo, sem saber, figuram com imagens demoníacas, como algo terrível... É o que é, mas a metáfora é boa!


Malu Caldo

domingo, 23 de outubro de 2011

A Caligrafia de Dona Sofia


 A Caligrafia de Dona Sofia é uma obra de arte em forma de livro. Escrito e Ilustrado por André Neves, fala da maneira como uma senhora dá sentido à sua vida. Através da leitura e da escrita de poemas, com a ajuda de um carteiro, Dona Sofia, após escrever poesias lindas em todas as paredes da sua casa, resolve distribuir amor,
em forma de versos para as pessoas da pequena cidade onde mora.
Um livro doce, para adulto e criança, que pode estimular o apreço das pessoas pela poesia.

Malu

"Ontem à tarde, quando o sol morria,a natureza era um poema santo". 
Castro Alves

Recomendo todos os livros ilustrados por André Neves, que me surpreende com a beleza dos seus desenhos!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Borboleta


Uma parada...
Em seu olhar repouso.
Uma almofada, um peixe?
Em sua poltrona pouso.
Um guarda chuva...
Espetar?
Não se molhar.
Olhar sorrateiro
Para o casulo...
Não quer voltar.
E a borboleta voa
Vá...
Malu

Nosso Poema

... E é quando a penetração
da palavra
sua
em meu coração
seu
acontece em poema
nosso
que eu te amo
mais...
Malu

Meu mar

Raro, negro, sujo de terra
Grande, bruto, sem forma
Encontro de uma mão
Brilhante
Espanto
Transformação...
Raro, negro cintilante
Grande, ofuscante
Lapidado
Mas o homem
Não vende
É dele a jóia... Dia- mente?
Malu no mar... do mar, a mente!

Superação

"Depois de tudo"
ainda me assusta...
Às vezes espero
algo que nem sei se vem...
A ansiedade toma conta
e me vejo caindo
num poço sem fundo.
Respiro fundo.
Olho determinado ponto
e penso em versos.
Construo frases bregas,
bem piegas, como:
"Ah! Você vai!"
E aí levanto bamba,
um pouco trêmula,
sem gás.
Prendo meus cabelos
brancos, sempre,
e só de vê- los
brancos, os cabelos...
Levanto e vou.
 Malu
Para Ana Maria Saad

Sonho de Menina

Foi assim que me encontrou...
Numa tarde, de passagem
A fotografia despertou
Em seus olhos, a lembrança
Do pouco da menina
Que se foi.

Um sonho de ser bailarina
De ter um grande amor
Crianças pela casa
Flores na sacada
Uma canção nostálgica
Uma história de amor

Nos tempos de hoje
A realidade feroz
Mas mesmo assim
Constroi poemas
Em reverência à cenas de amor
E à fotografia da bailarina
Foi o sonho de menina
Que passou...
Malu... A professora de ballet era uma peste! Alemã ainda por cima (sem preconceito), mas dura. Usava uma varinha para bater em quem não tinha postura. E eu, que era gordinha, mesmo pequenininha, ela me punha atrás das maiores... Isso é preconceito! AH! Agora lembrei por que quando chegui em Berna, indo para Zurich entrei em pânico na estação de trem. CHOREI, COMPREI OUTRO TICKET E FUI PARA PARIS!!!

Amiga

Rico e acolhedor
Acordar com tanto amor
Em versos trocamos sabedoria
A deusa da minha cabeça,
Em letra
Se faz o dito mais lindo
Querida!
Me vê com lente diferente
Que nem eu conheço
Multicolorida em forma de dia- mente?
Gente!
Seus olhos captam o meu,
Que não conheço.
Tamanha energia em sentimento
Espalham adubo em solo infértil
Tenta, atenta, incansável
Joga água fresca
Na esperança de brotar um broto
Qualquer que seja
Para ela regar de palavras
Como se alimentar aquela alma
Fosse seu alento.

Obsessivo

 
 
Tanto amor? ...Dor.
Dizem que as mulheres de hoje
Não sofrem mais de amor
Fogem dele, como se fosse algo assustador...
Eu acho que é amargo,
Mas tem gente que gosta de jiló!
Eu não gosto, gostei...
Mudei
Mas não lembro mais
Nem o momento
Em que você
Com as suas manias
Surpresinhas de quadro
Depois de bater forte
A minha cabeça no armário
Me deixou...
Sem vontade de amar
Outro homem...
Malu

Transformação

 
A transformação
Transmutação
Sonho estranho
Que vem aos poucos
Tomando conta
 
Se aproveitando...
Envelhece o corpo
Surpreende a mente.

O sorriso debochado
O olhar de sarro
Será você responsável?
Imperdoável?
Questões, questões...
Um pouco de cada um
Sempre em construção
Deixa cair
Fecha a porta
Abre ajanela
Se jogar em você
Pode ser assustador
Dor
Mas vem a transformação
O corpo sente
Mas a mente agradece.
Eu procuro as imagens no Google para postar em meus textos, pois acredito que a escolha de uma fotografia, o desenho de uma criança, uma obra de arte que seja pode dizer muita coisa.
O meu conceito de transformação está ligado ao crescimento subjetivo da pessoa, sua mudança... de objeto para sujeito, com as suas reminiscências, singularidades, personalidade... 
Mas fiquei triste quando fui no Google imagens e coloquei a palavra TRANSFORMAÇÃO. Ou você verá borboletas saindo do casulo, o que é uma das grandes metáforas, ou imagens de mulheres feias ou gordas que com muita plástica ficaram bonitas, imagens montadas de celebridas na velhice... UMA POBREZA DE IMAGENS PARA A PALAVRA TRANSFORMAÇÃO! 
Malu

Fantasia com Capitão Nascimento

Um corpo no meu...
A boca quente
Quase me adormece novamente
Ternura, macio de língua.

Mãos fortes arrastando o corpo
Corpo preenchido
Achando que estava sumindo
Derretendo na mistura de fôlego
Saliva, cheiro, gosto...

Coisa quente na barriga
Quente, tudo quente
Deixou- se em cima
Com a boca em meu ouvido:
- Eu amo você!
Roncou...
Malu

domingo, 2 de outubro de 2011

Libertem RAFAH !







liberezrafah.blogspot.com FONTE.
"Pedimos às autoridades sírias, a liberdade imediata e incondicional deRafah NACHED.

A célebre psicanalista, formada em Paris, está atualmente incomunicável, após ter sido presa no sábado, 10 de setembro à 01h30min da manhã no aeroporto de Damasco, no momento de embarcar para Paris, onde sua filha está para dar a luz. Ela é inocente de tudo de que é suspeita.

Pedimos pressa aos governos e organizações internacionais: Rafah tem 66 anos, têm problemas do coração, sua vida está em perigo!

Os psicanalistas do mundo inteiro se mobilizam em sua defesa.
Para assinar esta petição, enviar e-mail de apoio à Rafah em":rafah.navarin@gmail.com

liberezrafah.blogspot.com

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Mulher Trêmula ou Uma História dos Meus Nervos

Após a morte do pai a escritora Siri Hustvedt volta aos EUA para uma homenagem ao seu pai. Ao proferir o discurso, na cidade em que nasceu, no local em que o seu pai, professor de uma Universidade trabalhava, frente aos amigos e pessoas queridas, o seu “corpo é tomado por espasmos elétricos”.

A palestrante, que sempre dominou muito bem discursos em público começa a tremer do pescoço para baixo. Intrigada com aquele sintoma, tomada por tremores, que não afetam sua fala, percorre os mais tarimbados médicos neurologistas dos EUA na busca por uma explicação para os seus “espasmos elétricos”... “Se eu não podia me curar, talvez conseguisse pelo menos me entender melhor”.

O livro é uma autobiografia que conta um busca- quem é essa mulher trêmula? O que é isso? Ela quer saber, entender os tremores que a acompanham desde a primeira palestra após a morte do seu pai. Pesquisa sobre temas “que vão da neurologia à psicanálise”, e lança um debate, joga ao leitor as suas próprias dúvidas sobre o funcionamento do cérebro e da mente, o orgânico e o psicológico em questão.

A autora “detecta com pesar, a supremacia dos remédios antidepressivos e ansiolíticos... a intransigência dos médicos, sobre as teorias de Freud no seio da intelligentsia clínica americana.” Mas faz a sua escolha e parte com curiosidade, apoio do seu marido e amigos, para entender- se e assumir quem ela é... A Mulher Trêmula.

Acho que ela faz a escolha correta, e com o tempo os significantes irão surgindo e os sintomas diminuindo...
Eu achei engraçado a Autora questionar tanto o obvio, as reações de conversão devido a algum trauma... o corpo falante, uma vez que conscientemente ela "não sabe" o porque da sua angustia. Achei incrível uma norte- americana criticar os médicos. O mundo sabe que os EUA é o depósito da farmácia de tarjas pretas, o cabresto da mula sem cabeça. Muito curioso e divertido a busca dessa mulher, que eu aplaudo de pé por escolher a linguagem, a palavra para descobrir ser... O livro é mesmo didático para leigos sobre histeria, e para nós que amamos a palavra, é engraçado, com todo o respeito à dor alheia, pois somente sabe o sofrimento das reações de conversão, quem as passa...

Malu

sábado, 24 de setembro de 2011

Pausa: Cuando el enlace no enlaza...



Pausa: Cuando el enlace no enlaza...: Después de un tiempo de receso invernal, los Líos de faltas –cual alergia- vuelven al ataque en primavera. Así es que comenzaré una nueva ...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Em minha direção



Ele veio caminhando
Em minha direção
O semblante
Resolvido
Tive medo, estaria perdida?
O abraço forte
Retira o pânico
Mas o olhar resoluto
Aumenta a minha tensão
 
O amor, admiração
O saber quem é
A posição
Senti inveja da sua determinação
E eu vi uma imensidão de ser
Deixar-me atarantada
Zonza...
 
E eu, sem fazer idéia
Que a idéia que eu tinha
Daquele homem
Era tão real
Busquei toda a coragem
Para não ver a autoridade
Apenas bondade
Então
Coloquei a minha cabeça
Em seus ombros
E chorei...

Malu Calado

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Comunicado de Jacques-Alain Miller, Pela liberação de Rafah NACHED

A Associação Mundial de Psicanálise convida a todos os seus membros e àqueles que receberem este Comunicado, a aderir à Petição pela imediata liberação da psicanalista Rafah NACHED.
 
Como é sabido, Rafah NACHED exerce a psicanálie na Síria, após haver-se diplomado em psicologia clínica em uma Universidade de Paris. Ela foi presa no sábado, 10 de setembro, no aeroporto de Damasco, no preciso momento de embarcar para Paris, onde sua filha está para dar a luz. Até o momento, os serviços de informação têm se negado a dar notícias sobre sua situação.

Os psicanalistas argentinos, que em particular, sabem da nefasta história do desaparecimento forçado de pessoas, não poderiam ficar em silêncio, diante de um fato desta magnitude.

As adesões à petição (que abaixo reproduzimos) devem ser dirigidas a: rafah.navarin@gmail.com <mailto:rafah.navarin@gmail.com>

Também reproduzimos a seguir, o Comunicado de Jacques-Alain Miller do dia de hoje às 15:37h de Paris.

Solicito aos Presidentes das Escolas da AMP que traduzam rapidamente para que os membros, nas cinco línguas, possam calibrar suas palavras sobre o alcance do que está em jogo neste contexto.
Buenos Aires, 13 de setembro de 2011 (12h 30)
Leonardo Gorostiza
Presidente de la AMP

Comunicado urgente de Jacques-Alain Miller
Paris , 13 de setembro de 2011, 15:37h.

O  poder sírio, encurralado,  tem se lançado em uma repressão sem piedade.

Alguns de nossos amigos que têm velhos contatos com o governo sírio estão atuando nos bastidores para obter a liberdade de RAFAH, que parece estar sob os pés dos serviços mais duros.
 Por outro lado, trata-se de fazer muito barulho  para intimidar, se for possível, os assassinos revestidos da autoridade do Estado sírio, ou do que fica deste.

Faço uma chamada às 7 irmãs, às 7 Escolas do Campo Freudiano no mundo e a seus membros um a um, para:
1) Assinar a chamada "Liberdade para RAFAH!, Mobilização por RAFAH!" , isto é o mínimo;
2) Contatar em cada país, com jornalistas, intelectuais, artistas, escritores, personalidades, com o fim de maximizar a função "BARULHO"
3) E, à continuação, se RAFAH continua estando em um lugar desconhecido: concentrações – pacíficas, certamente.
O que está em jogo é de suma importância.

a) As "revoluções" do início do ano convenceram a opinião mundial de que a democracia liberal é uma aspiração dos povos árabes, curvados há muito tempo ao jugo dos ditadores, com a cumplicidade dos "Ocidentados", aliados a esses compradores que traem sem vergonha, o interesse verdadeiro, tanto das classes populares, quanto o da burguesia nacional.

b) Desejo de consumir, liberdade de palavra e de associação, direito ao gozo, sim, em todos os lugares os povos querem, eles também, saborear os prazeres venenosos do Um contável, do Um-só, do qual zomba o Tio SAM. Pouco importa que um pássaro de mau presságio (Lacan Jacques, para não nomeá-lo, o bem conhecido kojevo-heideggeriano) possa pensar que  isso não será a panaceia e que o "Paraíso"  (Sollers), certamente não está ao final desses fantasmas. Os povos querem isso e a bússola do tempo lógico indica que devem passar hoje pelo momento liberal-consumidor da história do mundo, quer dizer, pela produção intensiva  "da falta de gozo"- para ir, um dia , mais além: até à santidade, propunha Lacan.

c) A psicanálise, a prática da associação livre, faz parte integrante deste momento, da mesma maneira que o Ipad, o i-phone, Facebook, Google, as Go Go Girls, Lady Gaga, The Huffington Post, The Daily Show with Jon Stewart, and the whole megillah.

 d) RAFAH na prisão, RAFAH raptada, RAFAH apagada, é a tentativa do minus, do Liliputiense, para amarrar o Gulliver do discurso universal. Uma figura do Espíritu que está terminando de envelhecer. Ajudemos à serpente da sabedoria a desembaraçar-se de sua velha pele!

A psicanálise no século XXI converteu-se em uma questão social.
Esta mobiliza por todos os lados, a atenção dos legisladores, sonhando em "Preencher os vazios jurídicos! Com efeito, este é seu Job, sua carga. Mas, a nossa não é essa. A nossa é a de fazer-nos os auxiliares do tempo lógico, ativando por todos os lados, o poder das lacunas, dando jogo aos semblantes, insinuando a liberdade de associação, a associação livre.

A psicanálise se converteu em uma questão social? Indefectivelmente, nos acossan os sociômanos (Sollers)? Muito bem! Ser atacado pelo inimigo é uma coisa  boa, não má, dizia um sábio chinês. É o momento, é o lógico, de que por todo lado, a psicanálise se converta agora em uma força material, uma força política

Isto é o que está verdadeiramente em jogo no assunto RAFAH. 

Mobilização a favor de  RAFAH !
¡Liberdade a  RAFAH !
Enviar um e-mail para:  rafah.navarin@gmail.com 
Fonte:CEPP- Círculo de Estudo Psicanalítico do Piauí

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O CRIME DE LADY GAGA por Marcia Tiburi

FONTE: revistacult.uol.com.br
Site da Revista CULT
Lady Gaga é o mais recente ídolo pop da cena internacional. Entenda-se por ídolo pop um indivíduo que encanta as massas com a habilidade artística de que é capaz sendo seu autor ou o mero representante de uma estética inventada por publicitários e estrategistas de produtos culturais. Nesse sentido, todo ídolo pop age como o flautista de Hamelin conduzindo por certo efeito de hipnose uma quantidade sempre impressionante de pessoas. Ele é também um guia estético e moral das massas. A propósito, entenda-se por massa um grupo de indivíduos que, ao se encontrar com outros, perde justamente a individualidade, tornando-se sujeito de sua própria dessubjetivação. Em outras palavras, ele é hipnotizado como se estranhamente desejasse sê-lo. A Indústria Cultural depende desse mecanismo, por meio do qual oferece ao indivíduo a oportunidade de se perder com a sensação de que está ganhando. O ídolo pop é a humana mercadoria que permite o gozo pelo logro que o espectador logrado aplica a si mesmo.
Lady Gaga certamente veio para nos lograr. Mas, como disse Walter Benjamin sobre livros (e também putas), muitas vezes a mercadoria vale muito mais do que o dinheirinho que pagamos por ela.

O paradoxal desejo das massas

Antes de mais nada, é preciso ver que Lady Gaga, a despeito da qualidade boa ou má de si mesma e do que ela produz, vem a nós com números impressionantes. Se na internet seus vídeos são vistos por milhões de pessoas (certamente, quando você ler este artigo, os números serão ainda maiores) é porque ela mesma sabe – ou o diretor e roteirista de seus belos videoclipes nos quais a quantidade aparece, seja na nota de dólar com o rosto de Gaga como no vídeo de “Paparazzi”, seja em “Bad Romance” nos índices na cena dos computadores – que se trata em sua obra da questão da quantidade, mais do que da qualidade. A Indústria Cultural sempre tem na quantidade uma questão mais importante do que a qualidade, mas, se Lady Gaga sabe disso e não o esconde, é porque elevou o cinismo a discurso, mas, ao mesmo tempo, lança-nos uma ironia capaz de fazer pensar.
A questão da quantidade adquire um contorno subjetivo na mentalidade dos indivíduos aniquilados no todo. Assim, uma característica expositiva da condição das massas de nosso tempo é o próprio “desejo de ser massa”. Trata-se da ânsia de adesão ao todo que se disfarça no desejo de saber o que todo mundo sabe, ver o que todo mundo vê. Complicado falar de desejo das massas, quando a “massa” remonta à possibilidade de se deixar moldar pela ação exterior justamente por ausência de desejo. Podemos, no entanto, entendê-lo usando uma imagem gasta como a da ovelha a participar do rebanho. Um modo de ter lugar desaparecendo mimeticamente no todo. Nesse sentido, o desejo de ser massa é o mesmo que nos coloca na situação de fazer parte da audiência fazendo com que liguemos a televisão no programa mais visto, que queiramos ver o filme com a maior bilheteria, que, caso cheguemos a desejar um livro, seja da lista dos mais vendidos. Fazer parte da audiência é a garantia de que em algum momento estaremos juntos, que faremos parte de uma comunidade mesmo que ela seja apenas “espectro”. A angústia da solidão, da separação e da própria individuação desaparece por um passe de mágica da imagem do ídolo pop.

Uma estética pop para o pós-feminismo?

A obra da jovem Lady Gaga não é objeto descartável como a maioria das mercadorias promovidas no contexto da indústria e do mercado cultural. Se nos detivermos em sua música, em sua dança ou em sua imagem isoladamente, não entenderemos o todo da mercadoria. Portanto, é preciso estar atento à performance que ela realiza. A apreciação disto que devemos hoje chamar de obra-produto ou produto-obra deve começar por aí, tendo em vista que, acima de tudo, Lady Gaga é uma performer que agrega em seus vídeos diversas formas artísticas que vão da música ao cinema, passando pela dança e chegando a uma relação curiosa com um aspecto inusitado da produção contemporânea nas artes visuais. Lady Gaga tange em seus vídeos mais famosos questões que estão presentes na obra de artistas contemporâneas que podemos chamar de vanguardistas por falta de expressão melhor, tais como Cindy Sherman, Daniela Edburg e Chantal Michel. No Brasil, Karine Alexandrino, Paola Rettore ou o pernambucano Bruno Vilella praticam a mesma suave ironia até o mais cáustico deboche com trabalhos sobre mulheres mortas.
O tema da mulher morta torna-se quase um lugar-comum na arte contemporânea, como foi no século 19. Naquele tempo, ele representava o impulso próprio do romantismo que via na mulher falecida e inválida um ideal agora retomado de modo irônico por diversas artistas contemporâneas. Lady Gaga vai, no entanto, muito além dessas artistas em termos de coragem feminista. Enquanto elas zombam das mulheres estereotipadas que morrem como Ofélias por um homem, Lady Gaga, de modo mais surpreendente e corajoso do que importantes artistas cultas, dá um passo adiante.
No vídeo de “Paparazzi” fica exposto o amor-ódio que um homem nutre por uma mulher, a invalidez à qual ela é temporariamente condenada por sua violência e, por fim, uma vingança inesperada com o assassinato desse mesmo homem. “Incitação à violência”, pensarão as mentes mais simples; “feminismo como ódio aos homens”, dirá a irreflexão sexista acomodada, quando na verdade se trata de uma irônica inversão no cerne mesmo do jogo simbólico que separa mulheres e homens. Se em “Paparazzi” o deboche beira o perverso autorizado psicanaliticamente (a mulher sai da posição deprimida ou melancólica e aprende a gozar com seu algoz, que ela transforma em vítima), em “Bad Romance”, “o vídeo mais visto de todos os tempos”, mulheres de branco – como noivas dançantes – surgem de dentro de esquifes futuristas para curar uma louca que chora querendo ter um “mau romance” com um homem. Um contraponto é criado no vídeo entre a imagem do rosto da própria Gaga levissimamente maquiado, demarcando o caráter angelical de sua personagem, em contraposição ao caráter doentio da personagem da mesma Gaga de cabelos arrepiados e olhos esbugalhados. Entre eles a bailarina sensual junto de suas companheiras faz o elogio do corpo que é obrigado a se erotizar diante de um grupo de homens.
A noiva é queimada. Sobre a cama, no fim, a noiva como um robô um pouco avariado, mas ainda viva, contempla o noivo cadáver. A ironia é o elogio do amor-paixão, do amor-doença e morte ao qual foi reduzido o amor romântico pela estética pop da ninfa pós-feminista. O feminismo só tem a agradecer.
Em “Telephone”, a estética eleita é a da lésbica e da pin-up. Ambas criminosas. A primeira por ser uma forma de vida feminina que dispensa os homens, a segunda por ameaçá-los com uma estética da captura (a mulher-imagem-de-papel, a mulher “cromo”, a mulher-desenho-animado que configura o conceito do “broto”, do “pitéu”). No mesmo vídeo o personagem de Gaga compartilha com Beyoncé uma cumplicidade incomum entre mulheres.
Esse sinal é dado no meio do vídeo, quando Beyoncé vai resgatar Gaga na prisão e ambas mordem um pedaço de pão, que logo é lançado fora como algo desprezível. A comida mostra-se aí como o objeto do crime. O vídeo é mais que um elogio ao assassinato do mau romance, ou da vingança contra o evidente amor bandido de quem a personagem de Beyoncé quer se vingar. Trata-se de uma profanação da comida pelo veneno que nela é depositado. O amor bandido é morto pela comida, uma arma simbólica muito poderosa associada à imagem da mulher-mãe, da mulher-doação, dedicada a alimentar seu homem na antipolítica ordem doméstica.
O palco é a lanchonete de beira de estrada como em Assassinos por Natureza, de Oliver Stone. O assassinato é o objetivo do serviço das duas moças perversas que, no fim do vídeo, dançam vestidas com as cores da bandeira norte-americana – meio Mulher Maravilha – diante dos cadáveres de suas vítimas, já que, além do amor bandido, todos morreram. Cinismo? Sem dúvida, mas como paradoxal autodenúncia.
Mas o maior crime de Gaga, aquilo que fará com que tantos a odeiem, não será, no entanto, o feminismo sem-vergonha que ela pratica como uma brincadeira em que o crime é justamente o que compensa? E, como ídolo pop, não poderá soar aos mais conservadores como um modo de rebelar as massas de mulheres subjugadas pela perversa autorização ao gozo, doa a quem doer?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O MEU AMOR SECRETO




Meu desejo,
No inconsciente guardei você!
Na forma de homem,
Lá estava o amor,
A melhor escolha... Recalcada.

O passado era pura dor.
Eu existia sem saber, sequer, que eu era alguém.
Eu me sentia como um nada, vazia,
Colada no outro,
Sem palavra que fosse minha.
Poderia existir esperança
Para alguém tão amedrontada,
Perdida e confusa?

Num momento tempestuoso como aquele,
Seria impossível o amor aparecer.
A preciosidade zelada e escondida,
Deixei lá... Você!

A insana insuportável,
Assim como uma cigana dissimulada,
Poria fogo na riqueza já nominada.
Meu amigo, meu abrigo.
Isso eu não poderia fazer!

Então deixei você, meu amor,
Em lugar oculto, no recôndito do ser.
A neurose que me cegava antes,
Para você aparecer, deveria desfalecer.
E te poupei de mim sob o dizer confuso:
 “Qualquer um, menos você"!

Como eu poderia,
Uma menina mal resolvida,
Amargurada com as escolhas que fez na vida
Consumida, desapontada,
Despertar você?
Eu faria um estrago!
Então guardei.

O vento passou,
Um meteoro caiu,
O arco íris surgiu,
Uma mulher apareceu.
Um mosaico
Começa a ser montado.

Embora com o medo rondando, ladino!
O amor escorria, não era mais vapor
Perdido
Já estava líquido...
Saiu!

Conversando verdades,
Retirei um homem lá de dentro.
Despontaram lembranças.
Descobri como o menino,
Que guardei No Livro,
Era o dono do meu coração.

Já era tarde demais.
Mas eu sei, e isso me basta,
Que o meu amor é você.
Mesmo distante,
É o meu tesouro, meu encanto
Que retorna ao “guardado”,
Não no inconsciente,
Mas fazendo morada em meu peito.

Malu Calado

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ATO FALHO

Uma Cliente bem lôra e produzida chega no meu trabalho procurando um livro para uma menina de 9 anos. Eu indico Ruth Rocha, mas ela diz que a menina é avançada! Vou logo pra Ética; eu indico outro livro e ela gosta...
Depois pergunta: Você tem " O corpo que fala"?
Eu- "Vc é da área de humanas?"
Ela: "Não, sou Comissária de Bordo"... Assim bem Lôra! (Lôra, vai desculpando aí viu amiga?)
Eu respondo:"Eu tenho quase certeza que temos. Vou pegar para vc."
Pensei alto: "Vou consultar o sistema, e escrevo: CORPO FALO. Ela corrige dizendo: "- É o CORPO FALA!"
Eu?: Bato na testa e digo: "É que estou pensando em PSICANÁGEM!..."
Evidente que ela não entendeu!... Nem eu?
Tô fugindo do meu analista!!
 Malu Calado

domingo, 28 de agosto de 2011

A Loucura Entre Nós


A loucura entre nós
O “a” between you and i
Aí vem um sorriso
Um corte
Um Hum!
Me fazendo ser
Quem nem imagino perceber
Nesta hora te amo mais...

Depois, em SONHO
Um vulto
Eu e você
Em seu colo chorando
Pergunto:
E agora?
O que vamos fazer?

Após mortes, tragédias
Assaltos, actings- out
Recordações, elaborações
Montar quebra cabeças?
Sete peças, eu sei
Significantes, talvez
Meus “ais”
Ao vento
É o melhor que eu tenho.

Malu Calado 

"(...) A obra aborda a loucura a partir da observação de campo, a teoria e a experiência clínica. O autor traça um panorama da saúde mental e dos tratamentos aplicados no início do século e as mudanças ocorridas com as experiências de Juliano Moreira em tratamentos open door, ou seja, com os pacientes inseridos na comunidade e não trancados em isolamento nos hospícios. Veras também reflete sobre a reforma psiquiátrica no país e fala sobre a própria experiência como psiquiatra. O livro estará disponível nas livrarias..." (Site atarde- literatura) 

A imagem que utilizei é da capa do livro do Dr. Marcelo Veras, psicanalista. Não pedi autorização para utilizar a imagem da capa, mas estava disponível no google imagens!! O livro é maravilhoso, a escrita, a pesquisa.... Não gosto muito de ver livros no chão, amo os livros!

 Malu