No
livro O DEUS SELVAGEM, publicado pela Companhia das Letras- O Autor
Inglês A. Alvarez aborda a questão do suicídio sob a ótica mais
subjetiva- pessoal, "com suposto estudo psicanalitico" e utilizando- se
bastante da literatura para afirmar que o desejo da morte, ou mesmo o
pedido de socorro- como afirmam os que não querem aceitar a morte como
desejo- é nitidamente melancolico e até, muitas vezes
fácil ou difícil de prever. Para mim o suicídio de Silvia Plath era
fácil de prever- mas entre os poetas o gozo da melancolia era essencial
para a produção... Só um comentário.
Para o "suicídio" de
Silvia Plath o autor tenta uma explicação curiosa- psicanalítica-
interessante- que ele diz Freud explicar- mas a realidade é que eu
gostaria da visão Lacaniana.
Ele escreve assim:
" Só Deus
sabe que ferida a morte de seu pai lhe causara na infância (Silvi tinha 9
anos), mas ao longo dos anos essa ferida foi se transformando na
convicção de que ser um adulto significava ser um sobrevivente. Então,
para ela, a morte era uma dívida a ser paga uma vez a cada década:para
poder continuar viva como mulher adulta, mãe e poetisa, tinha de pagar-
de alguma forma mágica e parcial- com a vida. Mas como esse pagamento
impossível também envolvia a fantasia de unir- se ao amado pai morto ou
recuperá- lo de alguma forma, ele era também um ato passional,
impregnado tanto de amor como de ódio e desespero..."
Silvia
criava abelhas, enquanto o seu pai fora uma autoridade em tal assunto-
seria essa uma maneira de "simbolicamente aliar- se ao pai"?
O
autor do livro põe a separação de Silvia e Ted Hugues (nome muito
respeitado entre os poetas) como o estopim- a desconexão de Silvia com a
realidade. Mas o fato é que no dia anterior à sua morte, chega em sua
casa, com atraso dos correios- a carta de uma terapeuta marcando um
encontro com Silvia- mãe, mulher, poeta melancólica e apaixonada... Era
fácil de prever. Ela amava a melancolia, os filhos, a terra; sabia que
precisava de ajuda e buscou. Ponto. Mas como tudo é culpa da mãe, o
autor resolveu inovar, e colocar a culpa no pai...
Malu Calado
"Fiz novamente
Uma vez a cada dez anos
Chego lá-
Uma espécie de milagre ambulante(...)
Tenho só trinta anos.
E como o gato tenho nove vidas para morrer.
Esta é a número Três (...)"
Silvia Plath
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