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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escolhas



Escolhas ruins...
Consequências
A dor pode surgir
Responsabilize- se
Então
Olhe o mundo de outra maneira
Tentando afastar- se da repetição.
Dê um tempo
Olhe o mar
Acalme-se
E saiba construir-se
Observe quem é você
E tome as suas decisões
Sabendo que tudo depende
Da sua escolha
Já é hora de parar de culpar o mundo
Transforme o seu mundo
E logo verá que uma alma bonita
Fará escolhas...
A culpa, a dor e o medo
Claro podem surgir
Mas sem muito peso
Importante é seguir...


 Malu Calado

terça-feira, 28 de junho de 2011

DOCE VINGANÇA- 1998

Eu me vesti de vermelho
Tubinho decotado
Aparecendo o "cofrinho"
Com um cigarro em uma mão
Vodka na outra
Seduzi um homem.
Deixei que me beijasse
Era só o início do golpe...
Disse não às suas investidas
Mas ele saiu com o meu telefone no bolso.
Ligou centenas de vezes 
Com historinhas sacanas
Eu do outro lado da linha
Retornava gargalhadas
Era o meio do golpe...
Depois de duas semanas
Enlouquecendo a criatura masculina
Aceitei o convite
Eu vesti um terninho verde água
Com uma blusa role branca
E um sapatinho de boneca
Daqueles pretinhos de vinil
Ele me olhou decepcionado
Arrasado com o que viu
Perguntou: Quem é você?
Onde está a mulher que eu conheci?
E eu respondi com um sorrisinho de santa:
Não estou entendendo!
Foi o fim do golpe...
Nunca mais ele ligou!
Eu?
Gargalhei ao entrar em casa e bater a porta.
Tirei toda aquela roupinha
De advogada iniciante
E dormi nua, sozinha.
Ao colocar a minha cabeça no travesseiro,
Eu deixei escapar um sorriso de satisfação...
Essa foi a minha melhor vingança!

Malu Calado



quinta-feira, 23 de junho de 2011

I SPIT ON YOUR GRAVE



http://www.imdb.com/rg/VIDEO_PLAY/LINK//video/screenplay/vi2274466585/ 


Eu achei o filme muito pesado, mas a questão é que a violência sexual pode acabar com a vida da vítima e do agressor, sim...  A psiquiatria nomina vários transtornos mentais que podem advir às vítimas de estupro ou abuso sexual, mas não sou psiquiatra e não conheço as inúmeras siglas contidas no manual do DMS.
O que eu posso afirmar é que cada indivíduo é diferente e possui as suas particularidades, que as consequências podem ser diferentes para as vítimas desse tipo de agressão.
O filme, que em português tem o nome ridículo de DOCE VINGANÇA (como se o crime abrandasse o crime...) mostra que a vítima do estupro desenvolve como sequela um ódio incontido (os psiquiatras irão nominar isso, os psicanalistas tratarão de outra maneira, enfim, não cabe à mim). Mas o que vi no filme foi a RAIVA nua e crua movendo uma mulher machucada física e psicologicamente... Pensei então que as vítimas desse tipo de crime podem imaginar sim aqueles atos de vingança, "vagina por pênis, pênis por vagina", mas essa não será a solução para abrandar a dor de homens e mulheres e crianças que passam por isso. 
O filme também mostra a busca dessa mulher por ajuda, e quando ela não vem, eu posso dizer aqui sem medo, que o que vi no filme foi a raiva transformando-se em loucura...
O melhor é buscar ajuda, sempre, pois a raiva não vai resolver o problema da vítima, vai agravar! Muito sério o filme, e acho que deve ser discutido.

Malu

Conseqüências da violência e abuso sexual
A violência e abuso sexual pode ter conseqüências danosas duradouras para a vítima, família e comunidade. A lista a seguir descreve algumas das conseqüências da violência e abuso sexual.

Conseqüências físicas da violência e abuso sexual:
* Dor pélvica crônica.
* Síndrome pré-menstrual.
* Transtornos gastrointestinais.
* Complicações ginecológicas e na gravidez.
* Dor de cabeça freqüente.
* Dor nas costas.
* Dor na face.
* Incapacitações que impedem o trabalho.
* Mais de 32.000 gravidezes resultam de estupro todos os anos (Holmes et al., 1996)

Conseqüências psicológicas da violência e abuso sexual
A vítimas de violência e abuso sexual encaram conseqüências psicológicas tanto imediatas quanto crônicas (Felitti et al., 1998; Yuan, Koss, Stone 2006).

Conseqüências psicológicas imediatas da violência e abuso sexual:
* Choque.
* Negação.
* Medo.
* Confusão.
* Ansiedade.
* Recolhimento.
* Culpa.
* Nervosismo.
* Falta de confiança nas pessoas.
* Sintomas de transtorno do estresse pós-traumático.

Conseqüências psicológicas crônicas da violência e abuso sexual:
* Depressão.
* Tentativa de cometer suicídio.
* Alienação.
*Sintomas de transtorno do estresse pós-traumático.
*Comportamentos não saudáveis em relação à comida: jejum, vômito, abuso de remédios para emagrecer, comer demais.

Conseqüências sociais da violência e abuso sexual:
* Relacionamentos tensos com a família, amigos e companheiros.
* Menos apoio emocional da família e amigos.
* Contato menos freqüente com amigos e parentes.
* Menor probabilidade de casar. 

FONTE:
http://www.copacabanarunners.net/violencia-sexual.html

OUTRAS:
RAIVA CULPA ANSIEDADE TENTATIVA DE SUICÍDIO SUICÍDIO RAIVA DISSOCIAÇÃO CULPA RAIVA ANSIEDADE PÂNICO FOBIAS RAIVA CULPA DISSOCIAÇÃO TENTATIVA DE SUICÍDIO ISOLAMENTO...LOUCURA

quarta-feira, 22 de junho de 2011

IRRITANTE



Minha cabeça é uma panela 
Cheia de sopa de letrinhas.
Junto - as
E formo frases soltas.
Pequeninos presentes
Que serão doados
Através da fala
Àquele que sustenta,
Que segura o cabo.
 
                           
Estranha e sedutora
Psicanálise
Onde tudo esbarra
Na sexualidade.
Se falo: falo, cabo
Vertical!
A boca entorta de lado.
O equívoco se mostra
Com o gesto das mãos,
Elas mexendo - se
Na horizontal,
Enquanto o som
Emite a fala "na vertical".
Então,
Vem um risinho de banda,
Um olhar maroto
Daquele que sabe,
Que se deleita,
Tirando sarro silencioso
Do ignorante.

Malu Calado
Essa é a minha declaração de amor para a psicanálise!
E quem disse que não amamos a mãe puta, chata... A tal vaca, que mete a mão, dá educação, grita... E culpamos o tempo inteiro e demandamos amor pelo resto das nossas vidas! Pois demando, e ela me corta, e eu demando e ela me corta...E eu a amo!

domingo, 19 de junho de 2011

Judith Miller: 'Cada um de nós tem seu grão de loucura'



No mundo de hoje, em que a indústria farmacêutica vende antidepressivos como bombons e proliferam métodos prometendo “cura” rápida dos problemas, Judith Miller — filha de Jacques Lacan, psicanalista francês de maior influência do século XX — parte numa espécie de cruzada contra a ideia de que se pode (ou deve) apagar o “grão” de loucura que existe em cada ser humano para adaptá-lo às exigências da sociedade de consumo e produção.

Em entrevista ao GLOBO, Judith critica duramente as chamadas terapias cognitivo-comportamentais (TCC) que, segundo ela, buscam isso: “normalizar” e adaptar o comportamento das pessoas, prometendo a “felicidade”. O que bate de frente, explica, com um dos preceitos da psicanálise.

— Cada um de nós tem seu pequeno grão de loucura. Lacan anunciou no seu seminário: “todo mundo é louco”. É este grão de loucura que faz com que cada um de nós tenhamos um modo próprio de ser, de abordar as coisas, de reagir. A socialização não pode evitar isso — sustenta ela.
Judith, que não é psicanalista (é filósofa) e preside a Fundação do Campo Freudiano, desembarca no Brasil na próxima semana para participar do V Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana (V Enapol) e do XVII Encontro Internacional do Campo Freudiano, que acontece dias 11 e 12 sob o tema “A saúde para todos, não sem a loucura de cada um”. Dia 9 ela estará na abertura da mostra “Às vezes, a arte”, com obras de artistas do Campo Freudiano, na Galeria Antonio Berni, em Copacabana.

Antes, no dia 8, ela participará de uma palestra na livraria Travessa do Leblon sobre o lançamento do livro “Perspectivas dos ‘Escritos’ e dos ‘Outros escritos’ de Jacques Lacan” (Zahar Editora), ao lado da editora Cristina Zahar, do psicanalista argentino Leonardo Gorostiza e Angelina Harari, assessora da coleção Campo Freudiano no Brasil. O autor do livro é o psicanalista Jacques-Alain Miller, marido de Judith e designado pelo próprio Lacan como herdeiro intelectual de sua obra e ideias. Miller reúne no livro extratos de suas aulas na Universidade de Paris VIII, de 2008 a 2009, nas quais ele defende um retorno à obra de Lacan e à “psicanálise pura”.

Judith diz que a importância desta obra é que Miller transcreve as aulas sobre Lacan num momento em que “achou necessário relembrar aos analistas lacanianos que a psicanálise aplicada, do lado terapêutico, não representa toda a psicanálise”. Miller acusa os chamados terapeutas comportamentais de tratarem as pessoas como “uma força de trabalho”. E quem não se adapta à norma acaba reduzida à categoria de “perigosa para o capitalismo”.

— Uma pessoa não pode ser reduzida a um consumidor/produtor! — revolta-se.
A psicanálise, explica a filha de Lacan, trabalha no sentido oposto: do reconhecimento e aceitação da singularidade de cada pessoa.

— Lacan inventou um dispositivo em psicanálise chamado “la passe”, através do qual se verifica que, no final de uma análise, a pessoa analisada sabe discernir qual a sua diferença absoluta em relação às outras pessoas. Ou seja: ele vai saber viver com esta diferença em sociedade — diz Judith.

A filósofa ataca também as indústrias farmacêuticas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), por associarem saúde mental à “felicidade de todos”. A “depressão” de hoje, diz, é sobretudo “uma questão comercial”:

— Querem vender antidepressivos que colocam as pessoas num estado eufórico, quando não há razão de estar eufórico.

Aos que acreditam em “terapias rápidas que visam erradicar logo os sintomas”, Judith Miller responde com uma frase do pai da psicanálise, Sigmund Freud: sintomas rechaçados pela janela voltam pela porta. A psicanálise, diz Judith, “não promete a felicidade, mas assegura um desejo de viver esclarecido”. Aos que apelam para antidepressivos, terapias curtas e comportamentais para lidar com o sofrimento, Judith alerta:

— Cedo ou tarde, as pessoas que sofrem acham a porta aberta para fazer psicanálise.
Judith também disse que levará para o Rio de Janeiro um documentário que a chocou profundamente. Em nome do combate à delinquência, o governo francês estaria usando métodos de terapia comportamental para testar níveis de violência nas crianças — uma experiência que ela classifica de “chocante, desumana”. O documentário mostra como crianças são submetidas a um jogo truncado, no qual não há chance de ganhar. É um teste para ver como reagem diante do fracasso.

— O que fazem com as crianças é um horror! Colocam-nas numa situação que enlouqueceria qualquer ser constituído, tudo isso em nome do combate à delinquência — conta Judith.


 Fonte:
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/06/04/judith-miller-cada-um-de-nos-tem-seu-grao-de-loucura-384367.asp

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A VERDADE



A VERDADE


Perdão.
Eu não sei começar ou terminar.
Presa ao sofrimento,
Não quero mais seguir em frente
Não consigo voar longe
Uma força me puxa
E eu retorno ao prazer da melancolia.

Não posso mais mentir, pois seria para mim.
Admito o gozo em sofrer
Tristeza, sufoco, pressão no estômago.
Já não agüento mais isso
E tenho vergonha.
Mas ao menos admito.
Agora, por favor, me deixe ir!

O que mais desejo é a morte.
Gosto da faca, e hoje,
Experimentei se estava amolada.
Mentir para você é mentir para mim,
Isso não farei mais.
Você me ama?
Se me ama, me deixe ir!

Nós já tentamos demais
Eu estou cansada.
Quero ficar sozinha
Com a minha alma triste
Por escolha minha.
Caso gostasse de mim
Seria mais fácil ficar aqui,
Mas eu não sei viver, aproveitar,
Eu sequer entendo o que é tirar sarro
Do sofrimento
Encontrar humor
Como tenta me mostrar.
Então, agora, me deixe ir!

Eu sei o que ouvi
Quando começa o progresso
Não sei continuar
Vem o retrocesso.
Vê como é cansativo e frustrante?
Eu avisei que não sabia começar.

Usar a faca me cortar
É mais fácil, é.
O difícil é prosseguir. 
Os dias e as noites são longos,
Não consigo sair,
Não aceito convites,
Medo? Não sei.
Sei que as obrigações eu consigo cumprir
Tenho um superego tirânico,
Ele me obriga, e assim faço alguma coisa
Mas estou cansada meu bem.
Agora quero ir e não quero voltar!

Eu sei que falei que não iria desistir,
Pedi para você consertar o fundo trocado,
O que estava de cabeça para baixo.
Você consertou, agora tenho que entrar no mundo,
Nova, como a lua, mas eu tenho medo!
Deixe-me ir, eu não quero mais ficar aqui!

Eu quero ir
O brilho desse mundo é demais para mim,
E não gosto daqui
Embora o rostinho da criança
O lugar que tenho no seu espaço
Confortem-me no dia a dia.
Eu sinto culpa
Não consigo dar conta disso
Em meus pensamentos
E o mais fácil, realmente é partir!
Deixe-me ir, pois se eu for livro me da culpa e do medo.

Você fica tão longe de mim!
E acho que sou eu mesma que afasto você
Sou tão estranha, tão tantas coisas
Mas emperro e tenho raiva
E vejo os seus olhos em mim com tanta indiferença
Um desprezo, uma irritação, uma impaciência
Sequer posso te dar um abraço.
Antes você me olhava docemente
Mas agora você esta tão distante de mim!
E agora?
Se eu gostasse de mim, mundo
Se eu acreditasse no seu amor...
Deixe-me ir!

As noites são longas, os dias
Obrigações.
Você disse que iria me ensinar a viver,
Já me salvou, fez uma cirurgia dolorosa
Para me libertar da inveja,
Mas agora, meu amor, me deixe ir!

Eu não posso mais prometer
Que não vou usar a faca, vou tentar
Mas eu quero ir!
A verdade... Você não me obriga a ficar
E mesmo assim te peço permissão...
Já confessei o gozo, e agora que sei,
Por favor, me deixe ir!

Malu Calado

terça-feira, 14 de junho de 2011

Fantasia: O homem e o animal


Fantasia: O Homem e o animal

No meio da rua parou um homem
Com uma faca enorme nas mãos,
E de um golpe só apunhalou a minha garganta
De cima para baixo, da glote à pelve
Arrastando a lâmina, puxou, rasgou o corpo.

Sem qualquer semblante,
O homem virou- se e foi embora
Como se fosse aquela mulher,
Encomenda.

Lembranças de menina invadiram os pensamentos...
A ovelha pendurada na árvore sangrava
Derramando o caldo na bacia;
Os bois suspensos em fila, no matadouro,
Os olhos arregalados, estripados, sem pele.
Os bichos da infância, em fila:
As aranhas das casas de baixo,
As formigas no pé de siriguela,
Os morcegos da sala da avó,
O umbuzeiro cheio de formigas, que era esconderijo,
Os sapos esmagados perversamente entre pedras,
Por meninos.
A vaca cortada ao meio, com o feto sendo retirado;
O jacaré em meio ao curral sendo aberto entre risos;
O tiro na cabeça do boi para o churrasco;
Por homens.
Os cavalos que foram montados... T;
Os banhos de açude escondidos,
O curral enlameado, a cancela, o mata – burro.

A menina queria ser um menino,
Mas não podia,
Queria lutar, mas não podia.

A mulher, sem respiração, consegue chegar a casa,
Coitada, nunca existe ninguém.
Deseja a faca, deita – se na cama
Pensativa, de barriga para cima,
Cansada do golpe, do corte.

Novamente surge o homem,
Como castigo pelo desejo da mulher.
Sem qualquer expressão em sua face diz:
“A faca é minha, não percebe?”
Põe – se em cima do corpo,
Insensível, indiferente, lança outro golpe,
No mesmo lugar, no mesmo sentido:
Glote – pélvis, na vertical.
Parte o corpo, divide.

A dor se espalha pelo corpo,
Mas o lençol continua branco, nenhum respingo vermelho,
Na camisa de mangas compridas
De listras rosas- Na Vertical.
O homem não olha,
Vira-se, arrumando seus instrumentos cirúrgicos
Amparados numa estante marrom.
Lá está uma bandejinha cor de prata.
Ele diz: “Você pediu sem anestesia.”

A mulher imóvel, chorando, olha para o teto branco
Ouve o ranger da porta e uma voz impiedosa:
“Foi necessário”.
E o homem, de maneira resoluta,
Pronuncia o nome dela, dizendo:
“Lembre – se, a faca é minha, quem usa sou eu”.
Vai embora.

Que assustadora fantasia!
Esgotada, vazia, pensa:
Aquilo foi preciso, urgente, necessário
Mas como ele foi distante!
Ressentiu a falta de doçura no olhar.

Mas não sente raiva,
Mesmo com aquela bandagem enrolada no seu corpo,
Lembrando a pintura de Frida, 
Foi ela quem pediu o corte, a transformação,
Não quis educação, doçura, piedade ou anestesia,
Para desvirar o quadro. 

Malu Calado


 Eu penso que o poeta é um grande egoísta. Falamos que o poema dele é lindo, mas no fundo não entendemos absolutamente nada do que ele diz... É, incluo a minha pessoa, que fala de dentro para fora frustrações de menina, e como o meu desejo, os significantes, o dito passado provoca sintomas horríveis no corpo da mulher... Malu, que se Calou...