Agora, claro!
E eu não gosto disso
Essa inconstância de ser
Ora menina, ora mulher
Tem que rezar, mesmo!
São um tormento meus quens...
Cruéis, diabólicas
Frágeis, piegas
O meu corpo é a prova
Vivo
De sintomas
Eles apontam
Quem?Quantas? Horas?
Sete mentes.
Outras também...
Insana, cheia, vazia
Insana, cheia, vazia
Sem ar, com risos, debochada...
Torcido, paralisado
O corpo
Morto em ação
Who?
A Menina de botas vermelhas
Sete léguas pequeninas
A Mulher de vestido vermelho
Sete Palmos do chão!
Um corpo inchado
Um corpo inchado
Um tiro na cabeça
Explosão
Acúmulo de energia
Curto circuito
Pronto, apagou tudo
Who?
Hein?
O carrapato atropelado
Encarnei!
Não...
Acorda... É só um pesadelo!
Malu Calado
Episódio:
Eu era uma menininha muito feliz. Passei a infância entre meninos, em fazendas. Éramos muitos primos, uns bem mais velhos e outros bem mais novos. Eu ficava, na idade, no meio de meninos. Meus irmãos são homens, então brincávamos juntos. O poema Fantasia: O homem e o animal explica bem as brincadeiras cruéis dos meninos... E eu no meio! Eu usava uma botinha sete léguas vermelhinhas e ia para o curral esperar o vaqueiro para celar um cavalo para mim (sempre montei bem). Na espera do cavalo eu matava carrapatos, explodia carrapatos enormes no chão com as minhas botinhas vermelhas! Eu queria ser um menino, mas não podia...
Já bebi um frasquinho de veneno de carrapato uma vez... (Já faz tempo. Coisa de menina cruel para atormentar pai e mãe) queria matar a mulher, meu pai e minha mãe imaginários, que não deixaram a menininha ser um menino. Há poucos dias sonhei que um tanque do exército me esmagava, e que o soldado carrasco dizia, me puxando pelo braço:- Agora é a melhor parte. Colocamos um homem aqui em baixo!
Eu pensava:- Mas eu não sou um homem, sou uma mulher!
E senti me explodir ...
Eu fazia o mesmo com os carrapatos enormes que eu catava das vacas e cavalos. Eu odiava carrapatos, pois era amante dos animais, e os explodia com as minhas botinhas vermelhas sete léguas. Mas cresci e me tornei uma mulher... A menininha cruel? Vou exorciza- la!
E é assim... O meu eu infantil é cruel com a mulher que eu sou... Mas eu carrego comigo um sonho, um amigo. Às vezes a menininha é cruel com ele também, mas a mulher o admira muito e ainda vive por conta do nó que ele dá na cabeça da menininha, ele dribla essa pestinha!
Já bebi um frasquinho de veneno de carrapato uma vez... (Já faz tempo. Coisa de menina cruel para atormentar pai e mãe) queria matar a mulher, meu pai e minha mãe imaginários, que não deixaram a menininha ser um menino. Há poucos dias sonhei que um tanque do exército me esmagava, e que o soldado carrasco dizia, me puxando pelo braço:- Agora é a melhor parte. Colocamos um homem aqui em baixo!
Eu pensava:- Mas eu não sou um homem, sou uma mulher!
E senti me explodir ...
Eu fazia o mesmo com os carrapatos enormes que eu catava das vacas e cavalos. Eu odiava carrapatos, pois era amante dos animais, e os explodia com as minhas botinhas vermelhas sete léguas. Mas cresci e me tornei uma mulher... A menininha cruel? Vou exorciza- la!
E é assim... O meu eu infantil é cruel com a mulher que eu sou... Mas eu carrego comigo um sonho, um amigo. Às vezes a menininha é cruel com ele também, mas a mulher o admira muito e ainda vive por conta do nó que ele dá na cabeça da menininha, ele dribla essa pestinha!
Malu
Li, li, ...e penso: a insconstância é da natureza. Vejamos o átomo, por exemplo, o nosso elemento primordial. Ele nao tem apenas uma rota, ao contrário, muda de posição a cada milésimo de segundo e ainda assim podemos dizer que há uma constância nesse movimento. Por que sempre saberemos que é essa a sua função, só dessa forma ele poderá ser átomo e poderá fazer o que lhe é designado. Esse nosso amigo não existe parado. E isso não é bom nem é ruim. Ele apenas é. Com todas as características que o compõem, ele apenas é. Veja que coisa feliz!
ResponderExcluirPensemos nas pedras. Elas são lindas!
Eu, por exemplo, tenho fascinação e tendência a pedras. Mas elas, coitadas, apesar de serm belas e de completarem a beleza da paisagem que lhes cabe, são imóveis, constantes. O destino as quis assim! Apenas pedras. Elas nunca poderão saborear serem rio, ou pássaros...estão condenadas à sua poética imobilidade.
Mas nós não!
Podemos ser o que quisermos, pensar o que quisermos, ser hoje o vermelho e em seguida nao ser mais. Recebemos, não sei de onde, uma arma chamada desejo e mais uma chamada escolha. Com isso não somos melhores nem piores do que os átomos ou as pedras, apenas podemos querer ser. Coisa que eles não podem.
Podemos ser uma mosaico! veja só que fantástico...e tudo isso por que escolhemos. E por que não temos princípios, posto que estes são pedra. Temos opiniões, e estas, assim como a natureza, se movem...
A felicidade e a tristeza estão no mesmo frasco, e as duas são importantes, se complementam. Apenas escolha para que cada uma lhe serve, e viva.
-Bota um vestido nessa menina, M!
ResponderExcluir-Deixa a menina, meu bem! Tá brincando!...
E a menininha se tornou o tormento da mulher!
q menininha cruelmente fofa essa q vc descreve! explode carrapatos pq ama os animais! fofura de botinhas vermelhas!
ResponderExcluire pq ela queria ser menino?
pergunto isso pq nas minhas menininhas tb tem a cruel, que na verdade descobri que sua crueldade é medo puro, mas ela disfarça com a crueldade. enao a mulher q sou hoje finalmente descobriu pq desse medo todo e hoje pode acolhe-la e dizer: menina fica aí tranquila q a mulherão ta aqui, essa sua ruindade só esconde seu medo e hj eu sei bem do que, mas nada mais há a temer!
amo os seus poemas e sua historia! vc é super menina, super mulher, super ser humano! bjoka
Obrigada minha amiga Verdinha!
ResponderExcluirEu sentia inveja dos meus irmãos, eu cresci achando que eles podiam tudo porque eram homens... E eu tinha que fazer Ballet, e tudinho que o papai amoroso sonhava para a sua menininha... mas eu queria fazer Karatê, medir a distância do cuspe, montar, vestir calça e matar passarinho com estilingue!
A menininha tem medo de se perder, de não ter mais o amor da mamãe, do papai e do analista, aí ela adoece a mulher! É algo bem arcaico e infantil. Antes eu a via como um monstrinho demoniaco, mas vou seguir o seu conselho, tomá- la nos braços e acalma- la!
Obrigada, Aninha!